Cruzar os Dedos
A cruz é uma figura formada por duas linhas que se cruzam em um ângulo de 90°. Um dos símbolos humanos mais antigos, ela é usada por diversas religiões, principalmente a cristã, e normalmente representa uma divisão do mundo em quatro elementos, ou pontos cardeais, embora na visão de Rudolf Koch (1896-1934), famoso calígrafo alemão, seu formato exprima a união dos conceitos de divino, na linha vertical, e mundano, na linha horizontal. Antigamente, este símbolo expressava quase sempre a tortura ou angústia interna, já que a palavra cruz vem do latim crucio, que significa tormento ou suplício, sendo essa definição a que mais se aproxima do seu sentido original. Porque em Roma, antes de Cristo, uma das formas de condenação à morte consistia em atar ou pregar condenados em uma cruz, fazendo o mesmo padecer terrivelmente.
Do passado os humanos conservaram o hábito de cruzar os dedos em formato de cruz (como aparece na ilustração acima), quando alguém formula um desejo, conta uma mentira ou enfrenta algum perigo. Alguns autores acreditam que este gesto surgiu nos primeiros tempos do cristianismo, com a intenção de formar uma espécie de escudo protetor contra a má sorte e influências maléficas, enquanto outros pensam que sua origem é bem anterior a esse período, remontando à época em que o paganismo dominava absoluto. Certos ou errados, o fato é que algumas das imagens mais antigas de cruzes foram encontradas em pesquisas feitas nas estepes da Ásia Central, enquanto os primeiros livros cristãos da Armênia e da Síria traziam evidências de que a cruz se originou com povos nômades do leste, possivelmente uma referência às tribos turcas.
James Alcock, professor de Psicologia da York University, de Toronto, Canadá, descreveu nosso cérebro e sistema nervoso como uma máquina geradora de crenças, afirmando formarem eles um sistema que evolui não para garantir a verdade, a lógica e a razão, mas sim a sobrevivência. E disse mais:
Alguém perguntou um dia: quantas vezes já vimos alguém cruzar os dedos em favor do time do coração, na hora da cobrança do pênalti contra ou a favor; ou então enfiar a mão no bolso assim como quem não quer nada, mas fazendo figa para se defender do desejo agourento de um colega que pretende ficar com o seu lugar; da inveja de um péssimo vizinho que não se conforma em ter casa ou carro pior do que o seu; da praga rogada pelo concorrente desejoso de ficar com a sua clientela; das invocações malévolas dos fracassados, dos mal sucedidos inconformados com o seu sucesso, e mais um sem número de outras situações em que sentimos a necessidade de nos precavermos contra o chamado olho grande? Será que todos eles acreditavam que aquele gesto lhes daria a proteção desejada?
São muitos os brasileiros que fazem isso, da mesma forma como ingleses, franceses, italianos, argentinos e tantos outros, porque o cérebro é uma máquina de crenças que alimentam sonhos, muitos sonhos. Estes produzem esperanças, e são elas as últimas que morrem.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
Do passado os humanos conservaram o hábito de cruzar os dedos em formato de cruz (como aparece na ilustração acima), quando alguém formula um desejo, conta uma mentira ou enfrenta algum perigo. Alguns autores acreditam que este gesto surgiu nos primeiros tempos do cristianismo, com a intenção de formar uma espécie de escudo protetor contra a má sorte e influências maléficas, enquanto outros pensam que sua origem é bem anterior a esse período, remontando à época em que o paganismo dominava absoluto. Certos ou errados, o fato é que algumas das imagens mais antigas de cruzes foram encontradas em pesquisas feitas nas estepes da Ásia Central, enquanto os primeiros livros cristãos da Armênia e da Síria traziam evidências de que a cruz se originou com povos nômades do leste, possivelmente uma referência às tribos turcas.
James Alcock, professor de Psicologia da York University, de Toronto, Canadá, descreveu nosso cérebro e sistema nervoso como uma máquina geradora de crenças, afirmando formarem eles um sistema que evolui não para garantir a verdade, a lógica e a razão, mas sim a sobrevivência. E disse mais:
Os racionalistas do século dezenove previram que a superstição e a irracionalidade seriam derrotadas pela educação universal. Mas não foi isso que aconteceu. As altas taxas de alfabetização e a educação universal pouco fizeram para suavizar essa crença, e pesquisas atrás de pesquisas mostram que a imensa maioria da população acredita na realidade dos fenômenos ‘ocultos’, ‘paranormais’ ou ‘sobrenaturais. E por que isso acontece? Por que é que nesta época altamente científica e tecnológica a superstição e a irracionalidade prosperam? É porque nosso cérebro e nosso sistema nervoso constituem uma máquina geradora de crenças, uma máquina que produz crenças sem qualquer consideração em particular pelo que é real e verdadeiro, e o que não é. Essa máquina de crenças seleciona informações do ambiente, molda-as, combina-as com informações armazenadas na memória e produz crenças que são geralmente consistentes com outras crenças já aceitas. Esse sistema gera crenças falaciosas da mesma maneira que aquelas em dia com a verdade. Essas crenças guiam ações futuras e, falsas ou não, podem ter utilidade para o seu portador.De modo geral, a crença é um sentimento que se tem sobre alguma coisa, possui valor relativo assim como acontece com a opinião, e está sujeita a todos os graus de probabilidade, razão por que não pode ser confundida com o conhecimento lógico e científico. O que dizer, por exemplo, dos Hot Cross Buns, biscoitos quentes em formato de cruz vendidos por ambulantes londrinos e consumidos na sexta-feira da paixão? Sobre eles, sabe-se que são feitos para serem comidos nessa data específica, e que seus consumidores acreditam que tenham poderes curativos milagrosos, usando-os como tratamento para todo tipo de doença. Um outro exemplo curioso da influência da cruz em nossa cultura é o costume das crianças colocarem diante da boca os dedos indicadores um sobre o outro, em formato de xis, e beijá-los para fazer um juramento. Da mesma forma como na África os negros de Angola tinham o hábito de desenhar no chão uma cruz, cruzar os dedos diante da boca e beijá-los, para fazer juramentos diante dos europeus.
Alguém perguntou um dia: quantas vezes já vimos alguém cruzar os dedos em favor do time do coração, na hora da cobrança do pênalti contra ou a favor; ou então enfiar a mão no bolso assim como quem não quer nada, mas fazendo figa para se defender do desejo agourento de um colega que pretende ficar com o seu lugar; da inveja de um péssimo vizinho que não se conforma em ter casa ou carro pior do que o seu; da praga rogada pelo concorrente desejoso de ficar com a sua clientela; das invocações malévolas dos fracassados, dos mal sucedidos inconformados com o seu sucesso, e mais um sem número de outras situações em que sentimos a necessidade de nos precavermos contra o chamado olho grande? Será que todos eles acreditavam que aquele gesto lhes daria a proteção desejada?
São muitos os brasileiros que fazem isso, da mesma forma como ingleses, franceses, italianos, argentinos e tantos outros, porque o cérebro é uma máquina de crenças que alimentam sonhos, muitos sonhos. Estes produzem esperanças, e são elas as últimas que morrem.
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
Figa
Hoje é usado como amuleto contra olho gordo na crença de que o obsceno distraia o mal.
Também pode ser usado para mulher atraente, exemplo: figa calda.
A figa, originalmente um amuleto italiano, chamado Mano Fico, também era usada pelos Etruscos na era romana. Mano significa mão e Fico ou Figa é a representação dos genitais femininos, e era associado a fertilidade e erotismo.
Hoje é usado como amuleto contra olho gordo na crença de que o obsceno distraia o mal.
Também pode ser usado para mulher atraente, exemplo: figa calda.
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